Apresentação
O mais recorrente, não somente na sociologia como em outras ciências sociais e humanas (e mesmo além destas), é que um grupo de pesquisa se forme e atue vinculado a uma ou mais subáreas da disciplina (por exemplo, sociologia do trabalho, da saúde, da cultura, econômica dentre outras). Em rumo diverso desse, “agreste-pb: literaturas e pesquisas sociais periféricas” direciona seu interesse para os modos de dizer e escrever literaturas, dentre elas a sociológica, que emergem do (e se referem ao) mundo social e versam sobre fenômenos que nele se dão. Logo, seu campo temático é o mesmo das linhas nas quais se abriga no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB): “Poder, Cultura e Crítica” e “Trabalho, Políticas Sociais e Desenvolvimento” .
Seu objetivo principal é se constituir como um espaço de aprimoramentos e novas elaborações a partir de um modo de produção de conhecimento que foi praticado ao longo dos últimos anos e que se deseja levar adiante em pesquisas futuras direcionadas a fenômenos da produção e publicação de textos, mas não somente a estes. E, em termos específicos, acolher, orientar e desenvolver pesquisas com estudantes de graduação e pós-graduação que desejem dialogar, (re)elaborar e colocar em prática variações decorrentes de tal modo de proceder no estudo das mais diversas temáticas de seus interesses.
Em linhas gerais, há três aspectos principais que caracterizam o que aqui se denomina de pesquisa social periférica: (a) a ressignificação localizada e a apropriação seletiva de teorizações prévias, o que leva necessariamente a esforços modestos de teorização; (b) a criação de soluções metodológicas sob medida dos problemas que um campo singular apresenta; (c) a continuada (re)elaboração própria de um modo de produção de conhecimento sem pretensões de replicações ou generalizações.
Tal modo de fazer ciência social vem sendo composto ao longo de uma trajetória de pesquisa social qualificada como periférica, percorrida pelo fundador do grupo, prof. Marcio Sá, e que se materializou principalmente nos seguintes livros: Feirantes (Ed. UFPE, 2019, 3ª edição), Filhos das feiras (Ed. Massangana-Fundaj, 2018) e Além do barro (Cepe Editora, 2023). Até 2021, o foco de tal trajetória esteve na construção de entendimentos sobre dimensões de uma história social contemporânea agrestina (em referência ao Agreste pernambucano, região na qual estiveram ancoradas as investigações que resultaram nos livros supramencionados), em particular sobre a relação entre parte de sua gente, suas tensões, seus negócios e seu trabalho. A criação do grupo “agreste-pb” decorre do ancoramento de tal trajetória na UFPB, desde novembro de 2019 no Departamento de Ciências Sociais (DCS), e desde 2021 no PPGS, ambos do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA).
A opção da sua denominação decorre do entendimento de que tal expressão é intencionada como uma metáfora, por isso a grafia em minúsculas, com o propósito de (1) designar um vínculo com a trajetória que o origina, (2) seu novo enraizamento na Paraíba, (3) demarcar tal modo de produção de conhecimento como agrestino e paraibano, bem como (4) sua condição, também periférica, na geopolítica do conhecimento científico contemporâneo cuja hegemonia pode ser denominada de global science. Ou seja, é um grupo que se reconhece e se propõe a promover pesquisas e iniciativas extensionistas a elas associadas, por exemplo, fora dos grandes centros nacionais e internacionais. Seu subtítulo procura registrar o horizonte dos principais interesses investigativos que o grupo pretende acolher e estimular: o estudo das mais diversas literaturas em suas condições de produção, os textos por elas produzidos e/ou suas formas de recepção, com o foco tanto em tais modos de escritura quanto nas visões sobre o mundo social que se constroem e se disseminam por meio deles, bem como práticas de pesquisas sociais periféricas.
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Pesquisa
Pesquisa social periférica: o que é e como se faz (2024-2026)
Resumo: “A relevância da epistemologia na prática de pesquisa social não é algo novo em si. Uma vez analisado o legado de autores como Marx, Weber, Durkheim, Wright Mills, Bourdieu e nosso Guerreiro Ramos, fica difícil ignorar a atenção e reflexividade que cada um deles dedicou ao modo como se propunham produzir conhecimento. Na medida em que avançavam com seus temas e (re)elaboravam seus objetos, eles se impunham reflexão sistematizada sobre como estavam praticando ofício, ou mesmo sobre como outros poderiam praticá-lo naqueles termos que se autodeterminavam. De modo mais ou menos explícito, tinham clareza de que não se é possível vir a ser pesquisador social sem se questionar e se aprimorar em seus atos epistêmicos” (Azevedo & Sá, 2021). Este projeto de pesquisa visa aprimorar um modo de produção de conhecimento, denominado de pesquisa social periférica, que foi praticado ao longo dos últimos anos e que se deseja colocar em prática em pesquisas futuras. (projeto registrado no DCS-UFPB)
Coordenação: Marcio Sá
Artesanato no Nordeste hoje: políticas públicas, gestão e condição artesã (2021-2025)
Resumo: Neste projeto parte-se do pressuposto que as políticas públicas voltadas ao artesanato condicionam e são condicionadas pelo público artesão, o que implica proceder uma análise recursiva entre dois fenômenos: implementação de políticas públicas voltadas ao artesanato e condições artesãs localizadas. Neste sentido, tomam-se as esferas estaduais e locais como campos de potencialidades e tensões à implementação das políticas públicas por nelas se darem contatos mais diretos entre os burocratas de rua e o público beneficiado. Diante disso, esta proposta objetiva realizar mapeamentos e análises da implementação de políticas públicas federais direcionadas aos artesãos nos estados nordestinos, bem como analisar condições artesãs localizadas específicas, sistematizando seus interesses e demandas aos poderes públicos em parte dos estados da região, tais como: Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Ceará. (Projeto com financiamento do CNPq - Edital Universal 2021 - e da Fundação Joaquim Nabuco, bem como registrado no DCS-UFPB)
Coordenação: Marcio Sá / Prof. Diogo Helal (Fundaj/UFPE)
Participantes: Maria Vitória Leite Nazário, bolsista de apoio técnico do CNPq / Kelly da Silva Santos, bolsista Pibic-UFPB
Equipe externa (professores/pesquisadores): Dra. Cátia Wanderley Lubambo (Fundaj), Dra. Denise Clementino de Souza (UFPE), Dr. Hérrisson Dutra (Fundaj), Dr. Ives Romero do Nascimento (UFCA), Msc. Jessica Rani Ferreira de Sousa (IFRN/UFPE), Dra. Jesuina Maria Pereira Ferreira (UFCA), Dra. Milka Alves Correia Barbosa (UFAL), Dr. Rodrigo Gameiro (UFAL) e Dr. Giovanni Boaes (UFMA)
Além do barro:
tensões, negócios e trabalho na comunidade artesã do Alto do Moura-PE (2020-2021)
Resumo: O projeto surgiu da necessidade de dar seguimento e concluir pesquisa intitulada “A gente e o negócio do barro: dilemas e perspectivas da comunidade artesã do Alto do Moura no século XXI”, desenvolvido sob coordenação do prof. Marcio Sá no Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), até outubro de 2019. Seu objetivo foi elaborar uma interpretação sociológica para dilemas presentemente vivenciados por membros da referida comunidade. Como sua justificativa, destaca-se o valor simbólico que este tipo de atividade tem para a região Nordeste e, em termos objetivos, de geração de renda e ocupação para os habitantes do Alto do Moura. Este projeto esteve registrado no DCS e teve seus principais resultados apresentados no livro “Além do barro: Heranças de Vitalino no Alto do Moura do século XXI” (Cepe Editora, 2023).
Coordenação: Marcio Sá
Equipe externa (professoras e pesquisadoras): Profa. Dra. Denise C. de Souza (UFPE); Profa. Dra. Myrna S. S. Lorêto (UFPE); Profa. Msc. Jessica Rani F. de Sousa (IFRN/UFPE); estudantes de graduação da UFPE, Bárbara Tayna Leal (bolsista PIBIC da Facepe), Shirley Kevilen da Silva (voluntária), Maria Raiza Ferreira de Moura (voluntária), Tatiane Florêncio de Lima Silva (voluntária).
Extensão
(projetos associados às pesquisas em curso no agreste-pb)
Jovens escritoras periféricas (Oficina literária)
(agosto a dezembro de 2024):
Resumo: Projeto piloto de extensão que decorre dos avanços investigativos promovidos no âmbito do projeto de pesquisa “Pesquisa social periférica o que é e como se faz?” e é proposto em articulação com a oferta da disciplina “Literatura periférica e escrita sociológica” (tópico especial) no PPGS, no semestre letivo de 2024.2. O seu horizonte mais ampliado é promover com sistematicidade semestral (a partir de 2025) oficinas de produção literária para jovens oriundas de lugares sociais periféricos e integrantes das camadas populares de nossa sociedade. Entretanto, por se tratar de algo novo, entendeu-se que o mais prudente seria promover esta primeira edição em formato piloto. O projeto conta com a participação de Ana Carolina Lemos. Facilitadora de oficinas de escrita literária, psicóloga, mestre em Ciências da Linguagem (Unicap) e autora de diversos livros infanto juvenil (publicados pela Ciranda Cultural, Paulus e Suinara, dentre outras editoras), a escritora possui vasta experiência na oferta de oficinas no campo da literatura ao longo das últimas décadas e atua como facilitadora no projeto. A proposta consiste no planejamento, execução e avaliação de uma oficina (remota, com 15 encontros, quinta-feira das 19 às 21h, de setembro a dezembro de 2024) literária específica para o público inscrito no seu título.
Coordenação: Marcio Sá
Participantes: Ana Carolina Lemos, colaboradora externa / Weslley Barbosa Rosendo, estudante-voluntário de Letras, UFPB
Estruturação do Sistema de Gestão do Artesanato Brasileiro:
Diagnóstico e Planejamento Estratégico (2021-2022)
Resumo: Coordenação da equipe Nordeste I (PB, PE, AL, SE e BA, sob a Coordenação geral nacional de Mateus Servilha-UFMG e, coordenação de estudos e pesquisas de Carlos Falci e Laura Pinto, ambos também da UFMG), do projeto Estruturação do Sistema de Gestão do Artesanato Brasileiro: Diagnóstico e Planejamento Estratégico. Tal projeto se propôs a apresentar um levantamento atualizado dos problemas e necessidades que atingiam o setor artesanal, com identificação das possibilidades de aperfeiçoamento da política do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e das ações destinadas ao desenvolvimento do setor artesanal, com vistas à melhoria dos processos, dos resultados e da gestão. O projeto contou com 07 (sete) bolsas de extensão, vinculadas à UFMG, ocupadas por estudantes do bacharelado de Ciências Sociais da UFPB.
Coordenação: Marcio Sá
Participantes: Antônio Barbosa da Silva Neto, Erika da Costa Rabay, Gabriel Almeida Garcias, Igor Alfredo Pereira da Silva, Maria Victória Aguiar da Silva, Maria Vitoria Leite Nazario, Rodrigo Marinho Alexandre (tod@s então estudantes do bacharelado de Ciências Sociais da UFPB).
Ensino
(disciplinas recentes vinculadas às pesquisas em curso no grupo)
Pesquisa social periférica (2020-2024)
Entre 2020 e 2024 o prof. Marcio Sá teve a oportunidade de oferecer por quatro vezes, três na pós-graduação (PPGS-UFPB) e uma na graduação (DCS-UFPB), como tópicos especiais em sociologia, uma disciplina intitulada “pesquisa social periférica”. A motivação para isso residia no entendimento de que nosso ofício, apesar de gestado e crescido em meio escolástico, tem muito a ver com outros, como a artesania (Wright Mills), que se aprendem diretamente na prática ou pela partilha dos aprendizados incorporados. As edições da disciplina tinham como propósito partilhar as dúvidas, os dilemas, as inquietações e as reflexões vividas ao longo da trajetória que também nutriu a constituição do agreste-pb. Teoria, epistemologia e metodologia eram problematizadas a partir dos interesses norteadores, desafios enfrentados e resultados alcançados em experiências de pesquisa prévias do seu docente, procurando promover conexões com as incipientes inquietações trazidas pelos estudantes.
Literatura periférica e escrita sociológica (2024.2)
Literatura periférica é uma temática de interesse que tem se consolidado no âmbito do projeto “pesquisa social periférica”. Diferente do que se estuda com mais recorrência na sociologia da literatura internacional e nacional, trata-se de uma produção que emerge das camadas mais populares de nossa sociedade e que subverte o lugar reconhecido e por vezes sacralizado da condição sociocultural de escritor e do que se espera dele como produção literária em sociedades como a nossa. Algo recorrente nessas produções é uma linguagem que se distancia do cânone e procura ser um modo de expressão de condição de classe e de modos de vida periféricos. Que fenômeno social é esse e quais são seus vincos com a sociedade brasileira contemporânea? E como pode inspirar e impactar nossos modos e práticas de escritas sobre o social? A oferta desta disciplina (como tópico especial no PPGS) é, por um lado, um esforço de conhecimento e compreensão de tal fenômeno, por outro, um exercício de tomá-lo como inspiração à escrita sociológica de tal modo a provocar pós-graduandos em sociologia a (re)pensarem seus modos e práticas de escrita sobre o social.
Membros
Líder, professor DCS-PPGS-UFPB, coordenação e execução dos projetos
Colaboradora externa no projeto de extensão “Jovens escritoras periféricas (Oficina literária)”
Estudante do bacharelado em Ciências Sociais da UFPB, bolsista de apoio técnico do CNPq vinculada ao projeto “Artesanato no Nordeste hoje: políticas públicas, gestão e condição”
Estudante da graduação em Relações Internacionais da UFPB, bolsista Pibic-UFPB, vinculada ao projeto “Artesanato no Nordeste hoje: políticas públicas, gestão e condição”
Notícias
Projeto de extensão Jovens escritoras periféricas (Oficina literária)
teve início em 5 de setembro
Objetivo principal: promover uma oficina para jovens escritoras habitantes de nossas periferias
Coordenação: Prof. Marcio Sá - DCS/PPGS/UFPB, Dr. em Sociologia, autor de Além do barro (Cepe Editora), Filhos das feiras (Ed. Massangana) e Feirantes (Ed. UFPE) dentre outros
Ministrante: Ana Carolina Lemos - MSc. em Ciências da Linguagem e autora de diversos livros infanto juvenil (publicados pela Ciranda Cultural, Paulus e Suinara, dentre outras editoras)
O projeto teve início em 5 de setembro e segue em curso até dezembro de 2024 (inscrições encerradas)
Duração: 15 encontros (serão três módulos de cinco encontros cada), toda quinta-feira das 19 às 21h
- Primeiro módulo, “O circuito social da palavra”: Com o foco em direcionar e estimular cada participante a fazer registros escritos das palavras que habitam os espaços da sua periferia (bairro/quarteirão/rua/casa), as palavras selecionadas servirão de substrato de partida para as elaborações textuais que serão desenvolvidas ao longo dos demais módulos da oficina;
- Segundo módulo, “O manejo entre o social, a palavra e a iniciação textual”: A partir do registro das palavras realizado nos encontros anteriores, o objetivo destes se volta para aprimorar a seleção daquelas que mais traduzem cada experiência social periférica e que podem ser articuladas na produção textual em curso;
- Terceiro módulo, “Consciência do modo de dizer”: O propósito destes últimos encontros se dirige à convivência mais íntima com as palavras, à leitura do seu território social por meio delas, bem como à finalização da produção textual que será entregue como trabalho final da oficina.
Maiores informações: agresteufpb@gmail.com / instagram: agrestepb
Contato e conexões
O grupo está abrigado no Departamento de Ciências Sociais (DCS) e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS), ambos do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), conforme endereço abaixo:
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA
Departamento de Ciências Sociais - Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Campus I - Bloco 5
CEP 58051-970, João Pessoa-PB
e-mail: agresteufpb@gmail.com - instagram: agrestepb
Veja também os sites: